O senso comum e o paradigma emergente

Miguel Moletta /// julho 30, 2020 /// 10:00hs

Referência Bibliográfica:

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2003.

O conhecimento criado a partir das experiências que como sociedade, dia a dia, vamos construindo, forma o senso comum, explicito ou não, mas que converge na busca da aprendizagem interdisplinar. Através de questões simples, perguntas infantis que o nosso cérebro complexo e doutrinado de adulto se recusa a formular, mas que, citando Einstein, Santos (2003, p.15) completa: “são capazes de trazer uma luz á nossa perplexidade”, lembrando ainda que Rousseau dizia que havia “uma criança que há precisamente duzentos e trinta e cinco anos fez algumas perguntas simples sobre as ciências e os cientistas” (SANTOS, 2003, p15) e que ainda continua a fazer.

As ciências sociais e naturais devem segundo Santos (2003, p.15) “depois de ter rompido com o senso comum transformar-se num novo e mais esclarecido senso comum”, ou seja, permanece questionável, permanece verificável.

Quando pensamos, que todas as respostas foram dadas, as questões retornam mais enérgicas, incisivas, cortando o entendimento até o momento posto como definitivo. Perguntas como a relação entre ciência e virtude (SANTOS, 2003, p.18), que para a ciência permanece irrelevante, ilusório e falso.

Explicitando sobre este assunto, Santos, (2003, p. 37) citando Thomas Kuhn, coloca que o atraso das ciências sociais é dado pelo caráter “pré-pragmático” enquanto que nas ciências naturais devido ao desenvolvimento do conhecimento tornou possível a formulação de princípios e teorias aceitas por toda a comunidade cientifica.

Santos (2003, p. 88) afirma ainda que todo o conhecimento cientifico visa constituir-se em senso comum, procura-se a sua reabilitação por reconhecer virtudes nele, que enriquece a nossa relação com o mundo. O mais esclarecido senso comum é para Santos (2003;90) um paradigma emergente, onde não pode ser só um paradigma cientifico, também tem de ser um paradigma social, o que hoje é natural ou social e amanhã serão ambos.

* Artigo escrito para aprovação na cadeira de METODOLOGIA DE PESQUISA no Mestrado de Administração na UNIVALI.